(Re) Pensando o Direito

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terça-feira, 27 de setembro de 2011

HOBSBAWN, Eric J., A Era das Revoluções

HOBSBAWN, Eric J. A Era das Revoluções. 23ª edição. São Paulo: Editora Paz e Terra, 2008

Parte I - Evolução

1. O mundo da década de 1780
I- O mundo de 1780 era menos conhecido (menor) e mais espaçoso (maior), visto que havia um grande espaço a ser explorado.
- O conhecimento geográfico da Europa era regular, porém o restante do mundo (exceto os mares) era desconhecido.
- Não dispomos de recenseamento do período. Especula-se que era 1/3 do que somos hoje (Europa era proporcionalmente menos habitada do que hoje).
- Europa: 187 milhões habitantes em 1800 (Hoje a Europa tem cerca de 600 milhões)
- População estava espaçada pelo mundo dependiam de condições climáticas (Europa mais fria que hoje).
- Havia limites: doenças endêmicas, economias primitivas, terras ainda não aproveitáveis.
- Humanidade menor (aspecto de altura): europeu era mais baixo.
- Dificuldade nas comunicações, porém processo em mudança. Aperfeiçoamento das estradas, carros puxados a cavalos e serviço postal.
- Porém, poucos sabiam ler e o transporte (pessoas e mercadorias) era vagaroso.
- Considerando tal fato, o transporte por água era melhor (rápido e barato).
- A população vivia isolada. Não havia jornais (em 1814, 5 mil exemplares para classe média francesa).
- As notícias chegavam através de viajantes (mercadores, trabalhadores temporários, soldados, frades, contrabandistas).
- As notícias também chegavam por canais oficiais: Estado e Igreja.
II
- Em 1789, 90% da população era rural. A expressão “urbano” podia se aplicar apenas a Londres (1 milhão hab.) e Paris (meio milhão) em 1789.
- Na Europa havia 20 outras cidades com 100 mil habitantes.
- "Urbano" também se aplica ao conjunto de cidades da província (onde havia ligação com o campo). Estas localidades produziram muito.
- Havia linha demarcatória entre atividades urbanas e rurais (às vezes existia o muro do burgo).
- Em uma vasta área da Europa, as cidades eram ilhas (germânicas, judias, italianas) num lago eslavo, magiar ou romeno.
- Habitantes urbanos (exceto operários): vestiam-se melhor e tinham raciocínio mais rápido.
- A cidade provinciana pertencia ao campo: classe média de comerciantes (produtos agrícolas), profissionais ligados à nobreza, empresários mercantis e representantes do governo.
- A cidade provinciana de fins do século XVIII estava em expansão, porém sua prosperidade vinha do campo.
III
- Problema agrário era fundamental. Os economistas (franceses, do continente) afirmavam que o aluguel da terra era única renda líquida.
- Complexo econômico europeu dividido em três blocos:
- a) Colônias além-mar, normalmente regiões de exploração agrícola (índio ou negro), propriedades rurais com economia voltada para exportação.
- b) Leste da Europa Ocidental, região de servidão agrária, zona onde viviam camponeses livres, porém o lavrador típico era servo (exceção na região dos Bálcans).
- c) No resto da área, o camponês típico era servo (com na Rússia e Polônia, quase escravos). Abertura da rota do Mar Negro criou sistema de comércio de trigo na ex-Rússia pré-industrial.
- As áreas de servidão na Itália e Espanha tinham a mesmas características. Porém, com estatutos diferentes.
- Nobre proprietário era o senhor de terras característico, explorador, dono de grandes latifúndios.
- Havia uma classe de "cavalheiros rurais", abaixo destes grandes nobres. Era considerável em vários países.
IV
- O título de propriedade dava "status" de "cavalheiro", portanto numa época de decadência econômica, a aristocracia explorava seus "títulos".
- Economicamente, porém, a sociedade rural era diferente. O camponês (lavrador) podia ser livre proprietário, porém as obrigações existiam.
- Somente algumas áreas levaram o desenvolvimento agrário mais adiante. Surgiu uma classe de empresários agrícolas. Aconteceu na Inglaterra (também Irlanda).
- Agricultura européia ainda era ineficiente (exceto algumas áreas). Produtos tradicionais (trigo, aveia, cevada...).
- Algumas culturas importadas da América faziam progresso na Europa (milho, arroz, fumo). Culturas da seda, batata na Europa meridional.
- A segunda metade do século XVIII não foi um período de estagnação agrícola. A expansão demográfica, a urbanização, fabricação e comércio, encorajavam tal atividade.
V
- O sistema de comércio e manufaturas estava era eficiente. As vias comerciais estavam bem desenvolvidas, utilizando o sistema colonial (Índias - produtos importados, América - açúcar e café, África - negros). Os produtos eram comerciados para o leste.
- O “nabod" (plantador) das colônias fazia fortunas e sobrepujavam os profissionais liberas; portos eram centros econômicos. - Precoce capitalismo industrial: objetivo era vender mercadorias fora. Porém, a qualificação profissional (crescimento) esbarrava numa espécie de mercador (que ligava o lugar de fabricação com o de venda dos produtos). O "industrial" ainda era um mero "gerente", sem acumular riquezas.
- Na década de 1780, as atividades comerciais e manufatureiras eram os objetivos principais, inclusive dos Estados. A ciência não havia se dividido ainda (pura e aplicada).
- O Iluminismo, convicto no progresso do conhecimento humano, derivou sua força do desenvolvimento do comércio e produção. Seu público alvo era esta classe média em alta (self-made-man: cidadão do futuro).
- Dois centros desta revolução: França e Inglaterra. O Iluminismo atual nestes países (slogans: Liberdade, Igualdade e Fraternidade, posteriormente da Revolução Francesa).
- Iluminismo: não é correto classificá-lo como ideologia da classe média (objetivo era libertar todos). Era uma ideologia revolucionária, embora o setor do Despotismo esclarecido era moderado.
- Não podia se esperar a queda voluntária do "anciens regimes", que tinha bases (fora da Grã-Bretanha) nas monarquias apoiadas pelos moderados.
VI
- As monarquias absolutas governavam a maioria dos países europeus. Alguns monarcas adotaram o programa do "iluminismo" para melhorar o aparelho estatal.
- A classe média relacionava-se com a monarquia esclarecida (uma precisava da outra).
- A monarquia não queria a ruptura do mundo, que havia sido batizado como "féodalité" pelo iluminismo.
- Como exemplo prático, todos pensadores racionais (conselheiros) prescreviam a abolição servil, porém não houve (exceto nos estados: Dinamarca e Savóia) tal libertação. Tal empreendimento aconteceu apenas na Revolução Francesa e em 1848.
- Havia um conflito latente entre "velha" e "nova" burguesia. Ponto vulnerável: movimentos autônomos em colônias distantes, lugares que promoviam distúrbios. Este desenvolvimento colonial mais o "despotismo esclarecido" alimentava os conflitos.
- A rivalidade internacional suplantou a capacidade das monarquias de superarem as perdas das colônias. Esta rivalidade gerava as guerras, como nos períodos: 1689-1713 / 1740-1748 / 1756-1763 / 1776-1783 e finalmente, 1792-1815. França (regime absolutista clássico) versus Grã-Bretanha exemplificou o conflito entre "velho" e "novo" regime. A Inglaterra sagrava-se sempre vencedora.
- Depois da Guerra dos Sete Anos (1756-1763) trouxe como conseqüências para os Ingleses a perda das colônias americanas (EUA aliou-se a França). Porém, a França herdou uma crise financeira.
VII
- A relação entre Europa e resto do mundo: Império Chinês (Ch'ing) estava imune à Europa; houve uma espoliação de elementos culturais do oriente pelos europeus (cultural); A África estava imune (militarmente) ao avanço europeu, exceto em pequenas áreas nos portos.
- O avanço europeu se fazia além do espaço conquistado pelos ibéricos no século XVI e dos colonizadores brancos americanos no século XVII.
- Os ingleses levaram ao clímax a "era de Vasco da Gama", ampliando seus domínios na Índia. Porém, este mundo não europeu se beneficiou das revoluções.



2. A revolução industrial
... continua depois...


A revolução francesa


4. A guerra


5. A paz


6. As revoluções


7. O nacionalismo


Parte II - Resultados


8. A terra


9. Rumo a um mundo industrial


10. A carreira aberta ao talento


11. Os trabalhadores pobres


12. A ideologia religiosa


13. A ideologia secular


14. As artes


15. A ciência


16. Conclusão: rumo a 1848



retirado de: http://davymoura.blogspot.com/2009/02/hobsbawn-eric-j-era-das-revolucoes.html

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